Pervertida percepção



É um largo corredor aberto da garagem de entrada até o seu canto, a passos largos e esguio ele caminha sem pressa e sem lentidão, casa carro, carro casa, ora em vestimentas de uniforme, ora em trajes esportivos. Já foi flagrado em olhares curiosos. Sua expressão de cansaço era nítida, nele e nela, sua companheira de vai e vem de corredor para o mesmo endereço. Sexo.

A outra garota entra e sai na sua motocicleta. Outro dia, enquanto adentrava meu espaço, um carro parou próximo, e ela desceu, seu olhar era de quem estava deixando um pouco de si lá dentro. Sexo, e outras coisas mais.

No Instagram, um conhecido aproveita as circunstâncias de uma pergunta, para questionar também meu endereço de Facebook: “desativei”. “Aah”.
Sexo.

No supermercado me direciono para a área das verduras e no corredor amontoado de gente, reconheço um rosto, viro para cumprimentar com um simpático, “tudo bem?”, e sou interpelada por um “sumiu do Facebook? Não está em mais nenhuma rede?”. Estou no Instagram – respondo. Vou te procurar lá. No mesmo dia o aplicativo dá sinais de notificações e lá está.
Sexo.

Uma vasta plateia que me cerca precisando de sexo. Estou ali, observando, quase entregando um cartão de visita oferecendo minha prestação de serviço, não porque EU PRECISO, mas claramente ELES/ELAS PRECISAM.

Nada que uma hora de atividade sexual bem feito não resolva. Ninguém sai do quarto da mesma forma que entra depois de seus corpos se moverem tanto a ponto de se derreterem em suor. Pernas bambas depois de uma profunda gozada é melhor do que colapsos nervosos em uma maca de hospital. À merda os preceitos morais. Ninguém é feliz politicamente correto. Estamos mais para feras selvagens no cio do que animais domesticados. Quem liga?

No meu mundo ideal, as pessoas se conectariam facilmente sem frescura, a receita para quase tudo seria: “faça sexo, três doses de sexo nessa semana já resolvem seus problemas”.  

Tá, tudo bem... posso estar a escrever exageros, mas é uma tarde de sábado chuvosa, e sou uma garota solitária, devo estar a precisar de sexo também.

Beijos, 
Nina



CONVERSATION

2 comentários:

  1. Grande parte dos problemas mundiais deve-se a duas coisas: falta de sexo e mau sexo.

    Brilhante, esta tua purgação. É claramente o meu registo preferido em ti. Sublime!

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  2. Que não nos falte sexo e que nunca tenhamos mau sexo, amém.

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