O Portuga

Hoje quando abri minha caixa de e-mail no notebook depois de longos seis dias no conserto, não foi surpresa encontrar no hangout uma mensagem do meu querido Rob "Como vai esse carnaval, Brazuca? Espero que te divirtas, dentro do actual contexto"., já contei para vocês sobre meu romance platônico e transatlântico?

Provavelmente só tenho mencionado fragmentos como "meu amigo português", mas a verdade é que esse moço está na minha existência Nina quase desde o começo. 

Temos mais ou menos a mesma idade, Rob mora próximo a Lisboa, atualmente solteiro, trabalha numa empresa grande, apesar de nunca ter me especificado seu cargo, está sempre muito ocupado. 

Elegante e extremamente culto, fala cinco idiomas e segundo ele, seus únicos investimentos na vida é em livros e viagens. 

Rob começou seus contatos comigo deixando comentários aqui no blog, ele também tinha um que dedicava a sua ex esposa, mas diluiu-se antes do fim do seu relacionamento. Aliás, como ele escreve bem... quase cortou o coração das suas leitoras quando deletou seus textos.

Apesar dos seus comentários sempre curtos e inteligentes, sua presença começou a ser marcante quando abri minha caixa de e-mail certa vez e encontrei um longo longo texto bem entusiasta, se apresentando e me explicando o porque do contato, daí em diante trocamos e-mail todos os dias por alguns meses, até esse processo se desgastar e a coisa escrita já não era mais suficiente para apaziguar a vontade de experimentar outras coisas em plano físico.

Fazíamos vídeo-chamadas, enquanto eu tomava café da manhã ou o "pequeno almoço" como chama os portuga. Cinco horas de diferença, ainda assim era divertido abrir os olhos e saber que tinha algum correio-eletrônico seu.

Ríamos muito das diferenças na nossa língua durante as nossas videoconferências, da diferença climática e por diversas vezes, nos divertimos sexualmente também, e claro, também brigamos.

Montei uma pasta no meu e-mail com o nome: não-abrir e lá enfiei todos os e-mails que trocamos entre 2017 e 2018. 

Num desses textos, depois de uma chamada, ele escreveu:

"Ver-te ontem (apesar do raio das intermitências da rede e da discrepância na viagem do som) foi mais um culminar perfeito para uma ânsia que há muito maturava em mim. É delicioso familiarizar-me aos poucos com essa voz e com essa imagem… e ver-te paulatinamente achando um ponto de conforto ao longo da chamada. E depois namoriscamos com o olhar, com um ou outro pedido mais tímido… enquanto me perco na forma como o teu cabelo lindo vai secando ao longo da chamada… e o teu rosto maravilhoso ruboriza quando dizemos algo mais atrevido. É incrível como há uma abrangência temática que carbura as nossas conversas e realmente fica a sensação que somos Uma só Alma, que se divertiria durante horas… sem momentos para bocejo… mas para instantes repletos de desejo… por uma Eternidade. É isso que sinto, dói desligar… mas prefiro esta dor à dor sobre a possibilidade excruciante de nunca te haver conhecido." 

" Ímpeto é uma Epifania que não se deixa esperar. Mesmo que o passo a dar nos lance no abismo, quem disse que não somos portadores de asas? Em tempos, apelidaram-me de selvagem cuidado e ponderado? Assertivo, sim, certamente... mas há um constante tumulto em mim, que me encobre numa bruma explosiva. Daí apregoar o Ímpeto. Foi o ímpeto que me levou a "despir-me" para ti... por palavras, por declarações. Se daí advém sofrimento, seja pela inacreditavelmente estranha dormência que a possível ausência da presença das tuas palavras me provocará, seja pela possibilidade de ilusão sobre a sensação de convergência entre nós... cá estarei para lidar com as nuances vivenciais, como sempre fiz, como sempre faço, como sempre farei. Mas gosto inexplicavelmente de ti. Algo que me assusta pela rapidez da convergência, mas que me deleita pela forma singular como tive o privilégio de chegar até ti, num momento que "precisavas".

Há muito que te sigo, pois enquanto te lia sentia que já te conhecia há muitas vidas atrás... Sim eu sei que parece parvo... :)
O que me converge em ti? Tudo aquilo que enunciei no primeiro e-mail, acrescentando essa partilha pela tua atenção ao(s) pormenor(es). Essa característica é algo tremendamente sedutor, para mim.

Beijo(te) Minha Inesperada Amiga do outro lado do Oceano."

Dá para escrever um livro à parte com todas as histórias que partilhamos nesse período um tanto enriquecedor... 

Estou compartilhando isso agora porque perto de encerrar minha jornada de acompanhante, eu olho para trás (bateu nostalgia) e me sinto bem  com tudo que aprendi e principalmente com as pessoas que chegaram na minha vida enquanto Nina. 

E eu desejo que a pessoa que venha se relacionar comigo futuramente entenda que a minha bagagem é enorme, mas foi isso que me fez a mulher posicionada e independente que me tornei nesses últimos anos, porque homens como o Portuga, como o Economista ou mulheres como a Dra. L me encheram de carinho e eu sou muito grata. 

Bj,
Nina



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