O Beijoqueiro



Com tantas semanas sem escrever, devo ter ficado enferrujada. Sentei à frente do computador várias vezes para colocar essa história na tela e sempre terminava o trabalho deletando o que tinha escrito. Fico frustrada, mas há tempo para tudo. Como sempre penso também que: quem quer arruma tempo. Se arruma uma ou duas horas para ficar na minha companhia então...dou valor a isso.
O cavalheiro da vez me enviou uma mensagem bem simples e educada:
                - Boa tarde Nina, onde você atende?
Exatamente dez dias depois disso, enviou:
                - Estaria disponível hoje?
Duas horas depois me encontro com ele num quarto elegantíssimo de motel. Ele sério, bem sério. Vestia uma roupa social. Lógico que eu não resisto e pergunto se é advogado.
                - Não, mas já advoguei.
Respondo:
                - Bacana.
E em quanto penso em mais alguma coisa que eu poderia dizer apara ocultar meu nervosismo, ele comenta quase como um murmúrio:
                - Sou magistrado.
Devo ter continuado com uma cara de “não sei do que você está falando” porque em seguida ele disse, sou juiz de tal assunto.
Eu queria enfiar minha cara no travesseiro por não lembrar que magistrado e juiz era a mesma coisa. Posso culpar o nervosismo? Não sei lidar com gente séria, me desconserta não ter a mínima ideia do que a pessoa está pensando.
Não ter muito assunto é um problema porque não cria uma conexão para fazer o encontro ser menos mecânico possível.
Na faculdade eu tinha um professor doutor em literatura que tinha fama de ser meio pirado de tão inteligente. Eu sempre fugia de uma conversa com ele sozinha porque pensava em não ter um assunto interessante para conversar com alguém tão inteligente. Sentada ali na cama agora eu pensava a mesma coisa.
Se normalmente já fico em alerta para não falar nada errado ou alguma besteira, agora as minhas anteninhas estão em alerta máximo.
Quando eu não tenho o que dizer é hora de começar a tirar a roupa. Funciona. Até porque eu estava ali também para isso. Ele faz o mesmo.
Alguns minutos depois me aproximo e beijo-o. Ele retribui.
                - Você beija bem. – Comenta.
Dou uma risadinha e continuo... continuo... continuo. 

Gosto muito de beijos, muito mesmo, mas quem diria que encontraria alguém mais beijoqueiro que eu. O lance do juiz era beijar, ele sorria beijando. Fiquei chocada. O sujeito sério de vinte minutos atrás só sorria quando beijava. Todo seu rosto ficava mais leve com beijos!
De fato, os beijos quebraram o clima sério do quarto. Disso até ele estar entre as minhas pernas não demorou muito.
Revezamos o momento na cama com um papo filosófico na banheira, mas terminamos o momento sob os lenções, haja energia para o garoto!
Num segundo encontro me deu uma aula de interpretação de um dos clássicos da literatura estrangeira e contou um pouco sobre a sua vida.
Quando a gente não sabe muito o que dizer, a melhor coisa a fazer é escutar. Saio com dinheiro no bolso, mas o ganho maior está na experiência e no conhecimento que me acrescenta!
Adorei! Mas sou contida demais para retribuir “Saudade”, então, espero para uma próxima!
J


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